Nº de motoristas cresce mais que população

O Estado de São Paulo ganhou 4 milhões de motoristas nos últimos...

Nº de motoristas cresce mais que população 


O Estado de São Paulo ganhou 4 milhões de motoristas nos últimos quatro anos. Se fossem contados apenas os que completaram entre 18 e 30 anos nesse período, seriam 800 mil. Os dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) mostram que pessoas com mais de 30 anos responderam por 80% do crescimento na quantidade de condutores registrados desde 2003. Isso significa que o contingente de motoristas cresceu em ritmo bem maior que o da população - que avançou 1,9 milhão na faixa acima de 18 anos.

Metade dos novos condutores tem entre 30 e 50 anos. São pessoas que tiraram a carta mais tarde ou tinham deixado de dirigir e voltaram a renovar o documento. Além disso, o grupo dos idosos é o que mais cresce. Um dos motivos é que estão abandonando o volante em idade mais avançada. O número de motoristas com mais de 80 anos teve a maior alta entre todas as faixas etárias, triplicando no período.

Mais gente com habilitação é mais gente no trânsito, segundo o consultor Horácio Figueira. "Imagine uma família com apenas um carro, mas com quatro motoristas. O pai chega às 20 horas e o filho já sai com o veículo. Na manhã seguinte é a vez da mãe e assim por diante. O carro passa a rodar 24 horas, como um táxi", explica o especialista em trânsito. "Do ponto de vista do uso da frota, é bom; mas do ponto de vista do congestionamento é muito ruim."

Para Figueira, o efeito negativo seria sentido mesmo que a frota de carros continuasse a mesma. Mas para os paulistas não foi o que aconteceu. O total de veículos variou praticamente na mesma proporção que o de motoristas no Estado. Foram 3,7 milhões a mais em quatro anos. Enquanto a frota cresceu de 12,7 milhões para 16,4 milhões, o número de motoristas passou de 10,5 milhões para 14,6 milhões. Só na capital já são 6 milhões de veículos para 5 milhões de condutores.

O crédito mais fácil e barato para compra de um carro e o crescimento da renda podem ser a explicação para o fenômeno, que contribui para aumentar ainda mais o trânsito já saturado, especialmente na capital. "Tanto os pais têm mais condições de dar um carro aos filhos, como aqueles que estavam sem dirigir renovam a carteira, agora que podem comprar um veículo", afirma o vice-presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, José Dutra Sobrinho.

Presidente do Sindicato das Auto e Moto Escolas de São Paulo, José Guedes Pereira confirma a mudança no perfil dos alunos. "Percebemos que o público está mais mesclado. Não só o jovem que completa a maioridade procura a auto-escola, mas também aqueles que não tiveram oportunidade de tirar a carteira aos 18 anos", diz. "Outros estavam com a habilitação vencida e buscam renovar, com a expectativa de comprar um carro."

Fonte: Jornal O Estado de S.Paulo